Bronzeamento artificial & câncer de pele

junho 11, 2017 0

A prática do bronzeamento artificial está muito difundida em nosso meio nos dias atuais, porém a população em geral pouco sabe sobre as conseqüências desta prática, a curto e a longo prazo.

A luz solar que atinge a superfície terrestre é composta de UV-A e UV-B. O UV-A é o maior responsável pelo fotoenvelhecimento e bronzeamento pigmentar imediato, enquanto o UV-B é o responsável pela queimadura solar, bronzeamento pigmentar tardio e pelo desenvolvimento do câncer de pele.

Cerca de 95% dos raios ultravioleta que atingem a Terra são do tipo UVA e apenas 5% são UVB. Os raios UVA possuem intensidade praticamente constante durante o dia e durante o ano inteiro. O UVA atinge a camada mais profunda da pele e a intensidade de radiação UVA que chega até a camada basal da epiderme é 700 vezes maior que a radiação UVB.

As câmaras de bronzeamento artificial são constituídas por uma estrutura de acrílico transparente que permite a passagem da luz gerada por uma série de lâmpadas. Algumas câmaras possuem lâmpadas apenas na sua parte superior, o que exige que o paciente se vire, após cerca de 20 minutos, para o completo bronzeamento; outras possuem lâmpadas em toda sua circunferência, tornando a mudança de decúbito desnecessária. O uso de protetores oculares é imperativo durante as sessões, pois existe o risco de queimadura da córnea, catarata e até cegueira.

Os fabricantes das câmaras de bronzeamento relatam que suas lâmpadas apenas emitem UV-A, porém como não existe uma regulamentação rígida que controle sua fabricação nem tampouco existe fiscalização sobre seu uso, pouco se pode dizer da credibilidade desta fonte de emissão luminosa e sobre os riscos do desenvolvimento do câncer de pele. Portanto as alegações dos institutos de beleza de que este é um procedimento seguro não correspondem à realidade.

Trabalhos recentes e de diversas instituições científicas mostram que é o UVA, e não o UVB, que está mais relacionado ao aparecimento do melanoma, o mais temível dos cânceres de pele, além do envelhecimento precoce. Isto significa que, em condições normais de exposição ao sol ou nas sessões de bronzeamento artificial, a radiação UVA pode ser tão mutagênica, carcinogênica e imunossupressora quanto a radiação UVB!

Atualmente quase todos os laboratórios vem desenvolvendo filtros solares com proteção UVA além da UVB, sendo a nossa recomendação a utilização dos filtros com esta dupla proteção.

Os médicos precisam estar cientes que o uso do bronzeamento artificial é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele. O uso das câmaras de bronzeamento artificial devem ser sempre desencorajadas e, aqueles que tem dificuldade em se bronzear ou tem um risco aumentado de desenvolver câncer de pele (pessoas com múltiplos nevus, sardas, queimaduras solares prévias, lesões malignas cutâneas ou história de imunossupressão) nunca devem utilizá-las.

Resumindo, a melhor recomendação que se pode dar é:
não faça bronzeamento artificial!

Referências Bibliográficas
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